Quanto mais avançamos mais sinto que este projecto é sobretudo sobre a vulnerabilidade. A da nossa espécie. A dos nossos corpos. Das nossas vidas. Da construção a que chamamos de sociedade. Começa por ser inspirado pela pandemia, pela quarentena, pelo que queremos, sabemos ou conseguiremos fazer deste Mundo. Depois os instrumentos e objectos sonoros que estou a criar para estas viagens são feitos a partir de matérias orgânicas e naturais, em constante mutação pela acção da temperatura, humidade, sempre no limiar de (des)afinarem, de se desconjuntarem ao mínimo movimento. E depois as vozes, dos poetas, dos actores, vozes que habitam corpos que tentam voar mais longe, mais alto. E que caem. E que voltam a levantar-se. E a voar. E a caír. Estas filmagens num ferro velho foram uma grande aprendizagem. Na dificuldade em fazer música com instrumentos que não existem. Que são sucata. Materiais rejeitados. Metal retorcido. Onde está a música? Onde está a beleza? (Quase como pergunta um dos poemas...) Aqui. Fernando Mota P.S.: Este filme foi rodado no Recife Além, com a simpática colaboração de Rui Além e o apoio de https://www.ninhosaloio.pt fotos © Mário Melo Costa
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